Oiço e leio muitas vezes a conclusão de que as mulheres não amamentam, ou não amamentam durante muito tempo, porque não têm informação suficiente. Não quero que penses que não considero que informar é algo importante. Penso que é e muito! Até porque se não o pensasse não trabalharia neste meu querido cantinho a informar! Só não acho que seja A solução para o complexo problema do reduzido número de bebés amamentados nos países desenvolvidos. E mais. Acho que ao definir essa (pouca informação!) como a causa para a não amamentação estamos, no final das contas, a pôr as culpas nas mulheres. E, se me estás a ler e não conseguiste amamentar ou não conseguiste fazê-lo durante o tempo que querias, quero dizer-te que NÃO É TUA CULPA!
Vivemos numa cultura do desmame, onde a maior parte dos profissionais defende que amamentar é o melhor para mães e bebés, mas que nas menores dificuldades não têm ferramentas para fazer com que a amamentação vá mais além.
Já paraste para pensar que o acesso a profissionais de saúde competentes na amamentação é algo, maioritariamente, pago e que esse acesso é, por si só, já um privilégio?
Vivemos numa sociedade onde se perpetuam mitos e ideias erradas sobre bebés e as suas necessidades e comportamentos, pressionando pais a introduzir chuchas ou a impor distanciamentos. Na nossa sociedade não existem políticas públicas adequadas que protejam a parentalidade e a dedicação necessária, não dando, assim, verdadeiro espaço de escolha para a forma como se quer alimentar o seu bebé!
Somos bombardeados por um marketing agressivo, difícil de ser regulado, que nos convence de que não somos suficientes, que somos falhas e incompletas e que existem 10000 outros produtos que devemos oferecer aos nossos bebés. As famílias são um produto altamente lucrativo!
Vivemos cada vez mais sozinhos, com a família próxima mais longe e menos disponível.
Então, aquilo que se resume tão facilmente como falta de informação, é muitas vezes a inviabilidade e a ausência de suporte sócio-económico que torna a escolha pela amamentação numa impossibilidade, ferindo mulheres e prejudicando bebés.
Sejamos menos rápidos a julgar! Sejamos mais empáticos com as histórias de cada um. Não sabemos das pedras encontradas em cada caminho! E se conseguimos amamentar, demos graças a Deus! Graças a nós e a quem nos ajudou! Porque no meio de condições adversas, temos o privilégio de ter conseguido chegar a bom porto!
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