yes you can rita sara castro amamentação

 E hoje é, mais uma vez, dia da bonita rubrica “yes, you can!”. Se és recém chegada aqui, passo a explicar-te. Todas as quartas feiras partilho uma história de amamentação.

Acredito que precisamos normalizar a amamentação e, para isso, precisamos conhecer as histórias umas das outras. Vivemos numa cultura de desmame, onde, muitas de nós, a primeira vez que viu um bebé a mamar foi com o nosso próprio filho! Vivemos numa sociedade que vive a parentalidade de uma forma mais isolada, e isso faz todas as dificuldades serem sentidas com mais intensidade e pensarmos, muitas vezes, que elas só se passam connosco. Assim, este espaço tem como objectivo motivar-te! Perceberes que não estás só! Entenderes que consegues e podes amamentar, se esse for o teu grande desejo! E descobrires que tens neste espaço uma aldeia, que te ajudará a trilhar o teu próprio caminho, com amor, empatia e encorajamento! 

Hoje trago-te a história da Rita! Uma história que me emociona porque se assemelha bastante à minha. A Rita traz um outro olhar para a amamentação, um caminho árduo para amamentar o seu bebé, cheio de reconstrução e de resignificado. Um caminho bonito! Muito bonito! Porque a amamentação não é só 8 ou 80! E porque muitas vezes o mantra que te ajuda a continuar é “uma mamada de cada vez”. 

Obrigada Rita pela tua coragem nesta partilha! Parabéns pelo teu caminho! És especial ❤️

“A minha história de amamentação começou ainda no filho anterior, que saiu da maternidade com leite em pó porque me disseram que não tinha leite, que o leite não subia, e que ele tinha fome. Foi amamentado durante uma semana, e posteriormente uma vez por dia até aos dois meses. Introduzi o biberão e a chucha.

Nesta gravidez, desejei muito o tempo todo que fosse diferente. Preparei-me. Li. Informei-me. Fiz workshops de preparação para a amamentação. Acreditei no que era dito em todo o lado: levando muito o bebé à mama, estimulamos muito a produção, produzimos mais leite. Se houver algum problema, contacta-se uma CAM para resolver a pega e as coisas vão melhorar. Não introduzir mamilos de silicone nem pomadas, pois cada coisa que se coloca no mamilo é uma barreira extra entre o mamilo e a boca do bebé, podendo assim dificultar ainda mais o processo. 

Em Janeiro, nasceu o meu bebé, tivemos a golden hour, foi à mama depois do breast crawl, dormiu em cima de mim, pele com pele, tudo. As primeiras noite foram horríveis… ele chorava horrores, não dormia, e estava praticamente o dia todo na mama. Para mim, era normal: os bebés choram por muitas razões, vão à mama se for preciso de dez em dez minutos, estão a estabelecer a produção de leite. Porém, os dias foram passando e nunca tive a subida do leite. O bebé não aumentava o peso. Fui acompanhada desde o início por CAM e assessoras de lactação. Ajudaram-me ao máximo. Mas o bebé não ganhava peso, e começou a perder. Por conselho da minha doula, marquei uma consulta com uma IBCLC. E confirmou-se. Tenho um quadro de baixa produção de leite. De repente, percebi que tive todo um conjunto de red flags: não tive qualquer alteração nas mamas durante a gravidez, são tubulares, tive diabetes gestacionais e sou uma pessoa naturalmente muito stressada e ansiona, o que eleva os níveis de cortisol. Receita para o desastre… Tive que introduzir suplemento e chorei horrores nesse dia. Comprei uma sonda de relactação sempre com a esperança que o peito produzisse mais. Tive que introduzir biberão depois de me ter ido abaixo de tal forma num dia que fui mentalmente incapaz de colocar o bebé à mama. Caí numa depressão pós-parto por causa disto. A culpa e o sentimento de ter falhado eram enormes.

Mas a minha IBCLC… é um anjo na terra. Fiz várias consultas com ela, fomos introduzindo o suplemento sempre bem doseado. Fiz os exercícios de mindfullness que ela recomendou. Retomei os trabalhos manuais. Reconectei-me comigo. Aos poucos, redescobri o prazer de alimentar o meu filho. Um dia, já não chorava ao dar mama. Continuei sempre sempre com sonda, exceptuado à noite porque sou humana e preciso de descansar… e ele continua a acordar inúmeras vezes. 

Experimentei tudo o que há para experimentar para aumentar produção de leite: promil. Suplementos. Chá de cardo mariano. Shatavari, Moringa, Domperidona, aveia, cevada, água, bacalhau… Claro que de pouco adiantou pois as características físicas do meu peito para pouco mais dão. 

Mas aos poucos fui normalizando esta amamentação. Percebi que cada gota conta e é preciosa. Continuo a fazer duas breast pump diárias e esse leite sei de certeza que ele bebe. Pouco ou muito, é o meu. E fui redescobrindo o prazer imenso que é ter o meu filho ao peito.

Foi como eu sonhei? Não. Nada. 

Mas foi o meu caminho, e a poucos dias de cumprir os quatro meses, tive uma vitória gigantesca: conseguimos reduzir a dose de suplemento de 90mn para 60ml. Eu, com peito hipoplasico, com questões hormonais na gravidez que dificultaram a amamentação, com pouco reflexo de ejecção de leite, com uma depressão pós parto, CONSEGUI REDUZIR O SUPLEMENTO!!! E neste momento, ele já voltou a aceitar apenas mama em algumas mamadas nocturas e eventualmente uma ou outra diurna.

Sinto-me extremamente vitoriosa, contra todas as possibilidades estou a conseguir dar de mamar ao meu filho, tem sido uma luta enorme mas o prazer de o ter à mama faz tudo valer a pena.

Por isso sim, YES I CAN, YES YOU CAN!

Não seria possível chegar aqui sem as CAM, Assessora de Lactação, Doula, IBCLC e a querida Sara Castro. A todas, todas, todas, o meu imenso obrigada. Cá continuaremos com sonda até ambos querermos amormentar.”

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