Esta é uma questão recorrente no mundo dos bebés e a suplementação é muitas vezes recomendada pelo pediatra. No entanto, será que é recomendado suplementar todos os bebés por rotina?
O ferro é essencial para a produção de hemoglobina. E quem é a hemoglobina? Se tiveres a minha idade, aposto que conheces os desenhos animados do “Era uma vez a vida”, onde havia muitos bonequinhos vermelhos sempre com bolas de oxigénio nas costas. Lembraste? Eram as hemoglobinas! São elas quem transporta o oxigénio no sangue.
Assim, é fácil entender o papel importante que o ferro tem no corpo humano! Para os bebés, o ferro é essencial para um bom desenvolvimento e a sua falta leva a uma estagnação no crescimento, falta de apetite e irritabilidade.
A quantidade de ferro no leite materno é pobre mas a sua biodisponibilidade (quantidade e velocidade de absorção de determinada substância) é grande: cerca de 50% do ferro no leite humano é aproveitado. Na fórmula baseada em leite de vaca, o aproveitamento do ferro é de menos de 7%. Assim, o bebé depende essencialmente das suas reservas de ferro no momento do nascimento, que costumam ser suficientes para satisfazer as suas necessidades nutricionais até cerca dos seis meses, enquanto está a ser amamentado!
De acordo com a literatura em geral, uma grávida com níveis normais de ferro durante a gravidez, transmite níveis de ferro suficientes ao seu bebe durante o último trimestre de gestação.
A OMS e a ESPGHAN chamam ainda a atenção para a importância do clampeamento tardio do cordão umbilical (idealmente após deixar de pulsar), uma vez que aumenta substancialmente as reservas de ferro do bebé.
Quanto à necessidade de suplementar, as opiniões não são unânimes.
A Academia Americana de Pediatria recomenda a suplementação a partir dos quatro meses e até aos 3 anos de vida da criança, tendo em conta que uma grande parte da população tem carências em ferro. Mas a OMS, a ESPGHAN e a Sociedade Portuguesa de Pediatria recomendam a não suplementação por rotina! Assim sendo, prevalece o bom senso, e a necessidade de suplementação deverá ser avaliada individualmente com base no crescimento e desenvolvimento de cada bebé.
Para além de tudo isto, quero ainda lançar para reflexão a forma como introduzimos os alimentos aos nossos bebés. Se o principal motivo de o fazermos aos seis meses se prende a esta necessidade de ferro, será que faz sentido a introdução “clássica” da papinha de fruta para começar?? Escreve aqui nos comentários o que pensas sobre isso 👇