Um dia enquanto estava a viajar por este mundo do instagram, dei de caras com o projeto da Alexandra: alexandrismos.
Se ainda não conheces, por favor, vai lá espreitar porque ela toca em questões que nos tocam a todas. Fiquei por ali tempos e tempos e percebi que ela tinha escrito um livro. Tenho estado a lê-lo e tem-me feito muito sentido na fase que estou a viver actualmente.
Um dos grandes factores que multiplicou a minha dor e culpa da baixa produção de leite foi a luta que sempre tive com o meu corpo. Para além do peso, das formas redondas e do cabelo ondulado que devia ser liso, as mamas faziam também parte da lista dos “dislikes” porque nunca tiveram o formato certo. “Tenho uma mama debaixo de cada axila” é uma frase que várias amigas minhas sabem que é de minha autoria.
Durante a gravidez a relação com o meu corpo melhorou. Adorei ver a minha barriga a crescer e senti-me poderosa como nunca antes me tinha sentido. Bolas! Eu estava a fazer um ser humano!!!! Se isto não é brutal, não sei o que será!
Mas depois veio um parto que virou uma cesariana e uma amamentação que virou a descoberta de mais um “disfuncionamento” do meu corpo. “Meu Deus! Eu nem consigo produzir leite suficiente para o meu filho!! Nem disso o meu corpo é capaz! Não é capaz de fazer o que é suposto fazer!”. Associei o meu valor a um corpo que achava errado, inútil e feio. Então, afinal que valor tinha também eu?
E sabes? Foi horrível. E hoje em dia estou a fazer a caminhada para a descoberta de quem sou na verdade e do quão valiosa e preciosa é a minha vida. E o meu corpo. O meu corpo não está estragado e nenhuma das suas particularidades deve ser razão de vergonha. O meu bebé encontra conforto no meu corpo e o meu corpo fez este bebé (perfeito e super giro, diga-se de passagem!). Este corpo tem-me carregado por todos os vales e todas as montanhas por onde eu tenho andado. O meu valor como mãe e como pessoa não muda com as mudanças do meu corpo ou as suas características específicas que a sociedade me tem vendido como negativas, feias e indignas.
Mas não é fácil! É a desconstrução do que aprendi inconscientemente toda a minha vida!!! E é isto que estou a perceber com a Alexandra no seu livro. Crescemos a sermos ensinadas a nos comparar com ideais. A vermos as outras mulheres como concorrência. E trazemos isso para a nossa vivência da maternidade!! Na culpa e mágoa das pedras que encontramos nos nossos caminhos e na raiva das outras mulheres, que achamos sempre melhores e mais do que nós. E assim não nos unimos e vivemos em guerras entre « amamentadeiras » e « egoístas, que não amam os filhos e nem se querem esforçar » ou as dos « partos orgásmicos » contra as « cesarianas por opção/ nada sai do meu pipi », sem perceber que assim todas perdemos, ganhando apenas mais dor.
Então vamos começar pelo princípio? Vamos desconstruir tudo aquilo que nos foi ensinado e construir uma base de amor por nós próprias? Eu acredito num mundo onde todas reconhecemos e sentimos o nosso valor, como mulheres, mães, amigas, esposas, namoradas, companheiras. Acredito num mundo onde todas somos mulheres que endireitamos a coroa das outras mulheres quando elas precisam!
E tu? Acreditas? Vens comigo construir um mundo assim? Prometes-me que começas hoje a parar de te odiar?