Hoje é dia da rubrica « Yes, you can! ». Gosto muito desta experiência. Tenho-me emocionado com as partilhas que me têm sido confiadas e acredito que é disto que precisamos. Estarmos disponíveis para os outros e empáticos e respeitadores das suas histórias e decisões. Isso fará com que mais e mais mulheres se sintam acolhidas e acompanhadas.
Hoje trago-vos a história difícil e dolorida da Ana, mãe do Santiago. Mas também bonita na sua entrega e dedicação, no meio da dor da perda ❤️❤️❤️
Os bebés vêm também para nos mostrar como a vida se renova e como há esperança em recomeços mesmo no meio das perdas, dos lutos e da dor! ❤️
« Olá. O meu nome é Ana e vivo atualmente em Olhão. Sempre fui uma pessoa sensível, com amigos que partilham os mesmos valores e ideais de vida que eu. Dou o meu casaco a quem precisa mas não suporto ingratidão e deslealdade. Em 2010 tive a minha 1° grande crise emocional pois perdi o meu pai com cancro. A minha irmã já vivia no Algarve, fiquei só eu e a minha mãe, passamos a viver como sempre mas, claramente, uma para a outra.
Em 2017 perdi-a com cancro descoberto no pior estadiamento. Fizemos de tudo, de tudo. Mesmo tudo para vencermos. Uma dor que não se calcula, ou pelo menos a minha. Um vazio que vive connosco para sempre. Uma saudade que não se explica. Nesse mesmo ano, após 2 meses de tudo acontecer, descobri estar grávida. Talvez na pior altura da minha vida. Que agora sei que se assim não fosse provavelmente não estaria cá. Quando descobri essa surpresa não fiquei feliz, não me animou em nada. Não consegui refletir no que estava a acontecer. Comecei a tratar do pré natal sozinha. Comecei a ler sobre o assunto e o tempo foi passando. Deixei acontecer. Se isso aconteceu na altura que foi só podia ser um milagre, o milagre da vida. Com 19semanas senti o Santiago mexer. Só aí me emocionei de verdade e senti que ía ser mãe. O tempo foi passando e a cesariana estava prevista para Dezembro. Estava nervosa, não sabia o que me esperava. Correu tudo bem e o Santiago nasceu, perfeito! A minha luz, a minha vida!
Começou outra batalha. Desta vez tão exigente quanto motivadora. Dar de mamar, do peito! Isso era a minha vontade e por mais histórias que pudesse ouvir, dar mamã é vida, é criar raízes, é dar imunidade! O Santiago não pegava no peito, tinha os mamilos invertidos e ele fazia um esforço enorme e chorava com fome. Infelizmente na maternidade deram me suplemento num copo para ele beber. Fui ao cantinho de amamentação fazer a extração do leite, saiam poucas gotas, o Santiago perdeu peso. Quando voltamos para casa tive de ir comprar leite adaptado pq já tinha os mamilos em sangue e feridas abertas.
Fui pedir ajuda ao centro de saúde, emprestaram me uma bomba elétrica para que pudesse estimular o peito a produzir o leite. Estava a ficar desesperada e não ajudava em nada. Até que levei o bebé comigo para falarmos com a enfermeira para me ensinar como o Santiago havia de mamar.
Penso ter aprendido pois a partir daí fazia o mantra “tudo vai correr bem e vou conseguir” e consegui! Ao fim de 4 meses consegui dar de mamar na totalidade. Sem suplementos. Só maminha. A produção era tanta que fiz congelação de LM e fiz 2 mastites. Infelizmente, o Santiago emancipou aos 17 meses. Deixou de mamar 😪 nunca mais pediu e hoje já tem 3 anos e 2 meses. Amor da minha vida. »
Ana abraço-te bem forte porque o teu exemplo é mesmo emocionante!! És corajosa!! O Santiago é muito abençoado por te ter como mãe!
E tu, se estás a ler este testemunho e estás a pensar que faz todo o sentido partilhar o teu, não hesites!! Entra em contacto comigo ❤️