Gravidez não é doença!”, estamos habituados a ouvir e/ ou a dizer. Talvez movidos por uma sociedade que não permite que se pare, que se respire fundo e que se viva cada momento com as suas reais necessidades exigidas! Ou, então, porque efectivamente não é uma doença. Todavia, não sendo uma doença, a gravidez implica um esforço enorme por parte do corpo da mulher que, levado aos seus limites, pode levar à doença, de forma a alertá-la.

A gravidez é uma constante guerra entre mãe e bebé ou, como alguns investigadores menos sensacionalistas defendem, uma eterna comunicação de necessidades por parte do bebé à mãe. Independentemente da abordagem preferida, durante a gravidez o que se pretende é a protecção do novo ser que vem ao mundo, bem como da própria sobrevivência da mãe. Afinal, é suposto a nossa espécie sobreviver e manter-se sobre este planeta por mais alguns bons anos. Todavia, dois corpos com características diferentes e genes diferentes lutam pela sobrevivência e isso não é uma tarefa fácil!

A placenta humana

De forma a garantir que o feto tenha tudo aquilo de que precisa para se desenvolver, a nossa placenta apresenta características muito especiais e diferentes de outras espécies. A placenta humana é classificada como placenta hemocorial, tendo apenas três camadas celulares que separam a circulação materna da circulação do bebé. Nenhuma delas serve de protecção à mãe, consistindo apenas num livre acesso do bebé à corrente sanguínea da mãe. A placenta é, como podem ver, a nossa fragilidade. 

Quando o feto não tem tudo aquilo que precisa para o seu desenvolvimento, que não podemos esquecer que acontece a uma velocidade hilariante e que, por si só, traz exigências nutricionais acrescidas, garante que a pressão sanguínea da mãe aumente para obter o que lhe falta. E aí… começa a doença

Sendo assim, não nos podemos esquecer que a grávida tem que ser cuidada e protegida para que não cheguemos à patologia, garantindo, de igual forma, uma melhor saúde para o bebé que está prestes a nascer. 

gravidez não é doença - sara castro amamentação

Para tal, várias coisas podem ser feitas e deixo algumas sugestões:

Alimentem-se bem! 

     Se a gravidez é uma guerra para a obtenção de nutrientes é de extrema importância que haja uma alimentação cuidada e de qualidade. Podem sempre procurar um(a) nutricionista para que vos desenhe um plano alimentar adequado à vossa gravidez. Sim! Porque cada gravidez é única e cada uma de vocês é, também, única!

Sejam realistas convosco e não se obriguem a trabalhar até ao dia anterior ao parto, se tal não for confortável para vocês.

Como vimos já, a gravidez é deveras exigente para o corpo da mulher pelo que pode não fazer sentido que se mantenha o mesmo nível de desempenho que se tinha anteriormente. Isso dependerá, obviamente, de como se sentem (física e emocionalmente) e do tipo de actividade profissional que desempenham. O transporte de pesos, a permanência por longos períodos em pé ou sentada, a exposição a doenças infecciosas, a chumbo ou a produtos radioactivos ou químicos tóxicos, o stress, as longas horas de trabalho ou locais de trabalho excessivamente barulhentos, são as situações de risco mais comuns para as mulheres grávidas! Por isso, não esperem que o corpo vos acenda a luz vermelha. Prevenir vale sempre muito mais do que remediar. 

Peçam ajuda!

Se estão cansadas e precisam de ajuda para tratar da roupa, da cozinha e da casa, peçam ajuda! É preciso uma aldeia para se educar uma criança e isso começa na gravidez. Procurem já na gravidez aquelas pessoas que são as vossas fadas madrinhas. As fadas madrinhas cuidam dos Pais (principalmente da mãe!) e permitem que os Pais façam o seu papel, desde a gravidez, que é assegurar que o seu bebé é bem cuidado e protegido. Se têm outros filhos, envolvam-nos nesses cuidados, dividindo as tarefas por todos. Pais (homens!) esta é uma óptima altura para se envolverem também mais nas “lides domésticas”, caso não seja já a vossa situação. Se ainda se sentem frescas e fofas invistam em fazer comida a mais e ir congelando (vai ser uma ajuda preciosa para os primeiros dias de regresso a casa com o bebé!).

Façam exercício físico

O exercício físico é extremamente importante na gravidez e o tipo de exercício vai depender da vossa condição actual e da vossa prática anterior. Assim sendo, procurem profissionais qualificados e pratiquem exercício de forma consistente na gravidez.

Escolham uma equipa profissional que vos traga confiança e tranquilidade

Os profissionais de saúde que vos acompanham deverão respeitar o modelo de cuidados com que vocês mais se identificam, de forma a não ser uma fonte maior de ansiedade nesta fase que se quer tranquila! Façam perguntas, sem medo! Só assim conseguirão perceber se os profissionais se alinham com a vossa forma de estar.

Queridas grávidas, cuidem de vocês! Querida sociedade, protege as grávidas! É o nosso futuro que está em causa e isso é precioso!

Sara Castro

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